O metabolismo das plantas de regiões tropicais poderá sofrer alterações com as mudanças climáticas, o que deverá afetar a produtividades destes ecossistemas e influenciar na capacidade das florestas sequestrarem carbono. Porém, os solos de florestas tropicais apresentam escassez de determinados nutrientes, o que poderá limitar a produtividade potencial destas florestas, neutralizando os efeitos das alterações metabólicas provocadas pelo clima. Além disso, as limitações nutricionais em solos tropicais é um fator que também pode afetar a teia trófica, impactando especialmente os níveis tróficos superiores por meio da limitação de recursos. Nas teias tróficas, a comunidade de herbívoros é controlada diretamente pela disponibilidade de recursos pelos produtores. Porém, nas florestas tropicais, aranhas constituem um dos maiores grupos de predadores, que consomem boa parte da biomassa de insetos herbívoros produzidos nestes ambientes, indicando que as comunidades de aranhas podem ser diretamente limitadas pela escassez de nutrientes. Além disso, o comportamento das aranhas é sensível às condições e recursos no ambiente, como a adição de nutrientes, o que torna o grupo um excelente modelo de estudo para compreender os efeitos dessas limitações sobre a teia trófica. Neste estudo investigarei como a limitação de nutrientes pode afetar a comunidade de herbívoros e predadores, bem como o comportamento e a história de vida de aranhas em uma floresta Amazônica. Conduzirei a investigação na ARIE-PDBFF, sítio Km41, mais especificamente no desenho experimental do projeto AFEX, localizado em Rio Preto da Eva, Amazonas. Nesse experimento, 32 parcelas são manipuladas com a fertilização de N, P e Cátions, em um desenho fatorial completo. Para avaliar os efeitos da adição desses nutrientes sobre a comunidade de aranhas, realizarei três expedições de coleta. Em duas expedições, conduzirei a amostragem no centro de cada parcela, em uma área de 10x10m, durante 1h, na qual coletarei todos os indivíduos detectados durante este período. Além disso, coletarei herbívoros com o auxílio de armadilha Malaise, que ficará ativa por 05 dias no centro de cada parcela. As armadilhas Malaise permitirão medir os efeitos dos nutrientes sobre a comunidade de herbívoros e sobre a disponibilidade de presas para as aranhas. Para medir os efeitos dos nutrientes sobre o comportamento e atributos das aranhas, em todas as expedições irei avaliar se a fertilização afeta o investimento em teia e o processo de captura de presas das aranhas, usando como modelo a aranha Hingstepeira folisecens. Além disso, para avaliar os efeitos da adição de nutrientes sobre a condição nutricional de predadores, vou coletar todos os indivíduos da aranha Spilasma duodecimguttata presentes na área central de cada parcela (30x30m), os quais terão o índice de gordura mensurados em laboratório. Sendo assim, a presente proposta possibilitará compreender de forma inédita como a limitação de nutrientes influencia os níveis tróficos superiores de uma floresta tropical.