A Amazônia é a mais biodiversa floresta tropical do mundo e uma hipótese é que o principal motor dessa alta diversidade seja a heterogeneidade dos ecossistemas quanto às características do solo associados a pressões exercidas por herbívoros. Isto porque evidências sugerem que as plantas evoluíram ajustando suas taxas de crescimento e defesa ao grau de limitação dos recursos. Como resultado dessa interação, as plantas desenvolveram diferentes mecanismos de defesas, no entanto, à quantificação e o entendimento destas estratégias é ainda pouco estudado devido a sua complexidade. Uma vez que as plantas têm recursos limitados, a alocação em uma das funções – defesa contra herbívoros ou crescimento - deve acarretar a diminuição da outra, uma relação conhecida como trade-off. Dessa forma, a biossíntese dos compostos secundários é de certa forma balanceada pelo custo e benefício do crescimento, o que por sua vez desencadeia uma competição metabólica entre a produção de defesas e a fotossíntese líquida. Portanto, as variáveis que vão direcionar o tipo e a quantidade de investimentos para defesa e/ou crescimento serão determinadas por fatores intrínsecos ligados a limitações fisiológicas e fatores extrínsecos como a intensidade e tipo de herbívoro que se alimenta de seu tecido e a disponibilidade de recursos. Embora assuma-se que a importância dessa interação entre herbívoros e gradientes ambientais como provedores da especialização do habitat para algumas espécies vegetais, ainda temos poucas repostas quando estudados a nível de comunidade. Além disso, detalhes mais específicos sobre a influência de nutrientes específicos do solo nos mecanismos de defesa das plantas ainda são bastante desconhecidos. Diante disto se insere o Amazon Fertilisation Experiment (AFEX), experimento de manipulação de nutrientes com a adição de N, P e cátions (Ca, Mg e K) em floresta primária da Amazônia. O projeto visa melhorar o entendimento de como a produtividade das florestas amazônicas são influenciadas por fatores edáficos, e compreender o papel da limitação de nutrientes para o balanço de C acima e abaixo do solo. Dessa forma, buscamos abordar nesta pesquisa, como a disponibilidade de recursos podem moldar parâmetros de alocações de recursos e a produção de compostos de defesa constitutivos. Buscaremos através desse escopo e do delineamento experimental do AFEX, avaliar se essa maior oferta de recursos é o suficiente para alterar as relações de trade-off entre produtividade primária bruta vs. produção de compostos de defesa. Melhor compreender essa interação solo-planta-herbívoro pode fornecer valiosos insights sobre como a pressão dos herbívoros direcionam as estratégias defensivas adotada pelas plantas, qual o papel dos gradientes nutricionais nesse meio e suas implicações para a conservação de uma floresta em constante transformação.