Fungos parasitas que infectam artrópodes podem afetar a sobrevivência e potencialmente o comportamento do hospedeiro. Alguns grupos de fungo da família Cordycipitaceae (Ascomycota) parasitam aranhas, vespas e formigas hospedeiras, que morrem afixadas a locais específicos da vegetação, o que pode ser um indício de manipulação comportamental induzida pelo fungo. Devido a dificuldades para identificar o hospedeiro após a esporulação de alguns fungos, a ecologia e a diversidade dos hospedeiros é pouco entendida. Por exemplo, espécies de Gibellula recobrem todo o corpo das aranhas parasitadas, danificando estruturas com importância taxonômica desses artrópodes. Além disso, a maioria das espécies de Gibellula permanece sem descrição, o que reduz a precisão das investigações relacionadas à ecologia e à filogenia. Em outros gêneros, como Ophiocordyceps que parasitam vespas e formigas, a compreensão da história evolutiva e da ecologia diverge entre as espécies que parasitam diferentes hospedeiros: a diversidade de espécies de fungo e especificidade de hospedeiros que parasitam formigas é bem reportada, enquanto as espécies que parasitam vespas ainda são descritas como um único complexo de espécies e os hospedeiros em potencial são pouco estudados. Descobertas recentes de uma base genética modulando o comportamento do hospedeiro induzida pelo parasita indicam que os mecanismos por trás da manipulação comportamental resultam em fenótipos influenciados por características tanto do hospedeiro quanto do parasita. Assim, nós não somos capazes de entender os mecanismos de manipulação sem integrar a base molecular com fatores ecológicos que moldam a história natural de ambos os simbiontes. Então, nós propomos a investigação da diversidade dessas interações e da história evolutiva desses fungos para tentar compreender os aspectos que podem ser determinantes para essa manipulação do hospedeiro. Neste estudo, nós iremos investigar a diversidade dos gêneros de fungo mais conhecidos como parasitas que manipulam o comportamento do hospedeiro (Ophiocordyceps e Cordyceps) e aqueles que apresentam o mesmo fenótipo de induzir o deslocamento do hospedeiro parasitado (Gibellula e Torrubiella) e inserir as espécies encontradas em uma filogenia molecular para investigar a história natural desses fungos em ambiente amazônico. Assim, nós sugerimos uma abordagem integrada, focando em elucidar essas interações artrópode-fungo da ecologia à evolução, a fim de melhor compreender o mecanismo de manipulação comportamental.